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Vida a Dois: Encontros e Desencontros

Amor, sexo e paixão – estas são as principais forças que nos impulsionam, injetando mais vida às nossas vidas. São elas que nos levam a dizer “sim” a quem deseja, connosco, compartilhar sua história, no presente e no futuro.

No início, nós nos sentimos mutuamente atraídos e nos desejamos tão intensamente, que passamos a fazer concessões com facilidade, tendo em vista sermos felizes juntos. Admiração, encantamento e ternura fazem parte dos mais fortes elos de amor. E também de nossas mais românticas e efêmeras ilusões!

Alguns mitos embalam as fantasias dos casais. O mito das almas gemeas, por exemplo. Gemeas univitelinas, de preferência, para que não haja nenhuma desarmonia, nenhum desencontro... Mas quão pobre e desinteressante seria o mundo, se todos fossemos iguais? Que seria da realidade, se esta se limitasse às imagens que vemos refletidas nos espelhos de nossas mais tolas vaidades?

No dia a dia, é a diversidade que tensiona, movimenta e revitaliza a rotina e isto só terá efeitos negativos, caso sejamos prisioneiros da ânsia em satisfazermos nossos caprichos, ou pelo medo de nos defrontarmos com possíveis zonas de conflito.

Conflitos fazem parte da natureza humana, tanto os conflitos internos (eu, comigo mesmo) quanto os interpessoais. A questão é como lidamos com eles. Temos clareza acerca do que realmente é importante para nós? Sabemos expressar o que pensamos e sentimos, sem partirmos para ofensas e ataques pessoais? Somos capazes de realmente escutar o que o outro tem a nos dizer, e respeitá-lo em suas particularidades? Somos capazes de manter nossa dignidade, sem nos tornarmos tiranos ou submissos, e tolerando possíveis diferenças e divergências?

Muitas vezes, as brigas de um casal refletem brigas internas, até mesmo inconscientes. É mais fácil brigar com o outro do que consigo mesmo! Acontece que, sempre que fazemos uma escolha, automaticamente fazemos renúncias ou, no mínimo, a postergação de desejos, neste momento, incompatíveis. Por exemplo: qual a programação deste final de semana? Não sei, não sei e não sei!

Só que, se meu parceiro der uma sugestão, eu apresento outra. Se ele voltar atrás, talvez eu descubra algum jeito de reclamar. Se ocorrer algum problema, então, alguém será culpado. O outro, naturalmente! Infelizmente, esta é a dinâmica infernal, que rege a vida de muitos casais.

Outro aspeto interessante em nossos conflitos e dificuldades de opção está em que, para que qualquer escolha seja exitosa, temos que nos comprometer com o sucesso almejado – temos que fazer a nossa parte. Fica muito difícil quando um se coloca na posição de cobrar ou de acusar o parceiro, ou quando um dos dois funciona como peso morto e não contribui com a leveza e a alegria do investimento, seja este referente a lazer, a puro prazer ou a alguma atividade que exige dedicação e empenho.

Para que um casal mantenha acesa a chama, não caindo na monotonia da mesmice do quotidiano, as diferenças, as afinidades e o respeito mútuo costumam funcionar como fontes inesgotáveis de novas descobertas, encantamentos e prazeres. Encontros, desencontros e reencontros fazem parte das oportunidades, dos desafios e das riquezas que a vida a dois generosamente nos oferece.

* Psicóloga Psicoterapeuta individual e de casais. Autora dos livros “A escolha do cônjuge – um entendimento sistêmico e psicodinâmico” (ARTMED/Grupo A); “Homem e mulher – seus vínculos secretos” (ARTMED/Grupo A); “O casal diante do espelho; “Psicoterapia de casal – teoria e técnica” (Pearson/Casa do Psicólogo), e outros.


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